quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Fazendo as pazes com o universo

Às vezes é preciso cair da cama no meio da noite, quando se está no meio de um pesadelo e a queda te salva do medo, pra que você se dê conta que em certos momentos, cair pode nos salvar de uma dor maior. É da natureza do ser humano estar sempre insatisfeito e a vida tem meios de mostrar nossos tesouros escondidos. Pra ela, aconteceu no sexto dia. Ela andava há tempos brigada com o universo. Não queria saber de conversa e preferia noites de chuva copiosa como lágrimas que lavam a alma – Não conseguia encarar o olhar da lua cheia de frente e sempre que era noite, fugia. Preferia nem saber se havia algo no céu que brilhava, e cujo brilho lhe trouxesse lembranças que ela queria esquecer, mas não podia, sua memória não conseguia esquecer mesmo quando apresentava falhas. E assim, ela vivia escondida entre os arbustos de noites escuras sem luar, perdidas sem sonhos, solitárias e frias...
Não fazia idéia de quantos tesouros tinha guardado, e a lua era um deles. Porque na verdade, ela sempre a fez sonhar e sorrir. Mas isso parece ter se apagado, porque haviam muitas mágoas. Que deveriam parecer pequenas diante dos sorrisos, mas eram mágoas. Latejavam como que pra se tornarem inesquecíveis. E assim, o luto da noite seguia acompanhando a moça dos sonhos esquecidos.
Num dia não tão feliz assim, ela resolveu fazer as pazes com o universo e contemplar a lua. Era tudo que lhe restava e isso soa como deprimente. Quis se agarrar à sua velha companheira de noites e confissões, porque não tinha mais nada a que se agarrar. Não importava – pensava ela – o mais importante é que havia algo dentro dela que a motivava a sonhar de novo. Em plenos caos, no meio dos pesadelos e medos, ela queria sonhar de novo, algo mais real, colorido e brilhante, porque a melhor hora de sonhar é na parte mais escura da noite, onde ela parece mais assustadora. Só assim, os medos se vão, as portas de novas chances se abrem, e caso os pesadelos permaneçam perseguindo os medos mais secretos, a companhia de algo que te traz esperança, te dá as mãos pra que não se perca na escuridão infinita. E a lua lhe sorriu, e disse que lhe faria companhia. Fosse olhando pra baixo, vendo ela voar na terra...fosse recebendo ela, a explorar o céu...

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