terça-feira, 24 de agosto de 2010

Um minuto de silêncio...

"Cada um sabe o que lhe dói, e todas as dores são respeitáveis, mas às vezes é importante a gente lembrar que a única coisa de que precisamos é ter ao nosso lado as pessoas que amamos, o resto é negociável, e isso vale para artistas, balconistas, diaristas e todos que vivem em alta velocidade, sem perceber que, no balanço das horas, tudo pode mudar."

(Martha Medeiros, sobre a Morte do filho da Cissa)

Falou e disse, Martha!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Era uma vez...

Quem não conhece o mundo mágico das princesas de contos de fadas?Aquelas que são vítimas de um vilão terrível e são salvas pelo príncipe encantado e vivem felizes para sempre? Pois é...mas "felizes para sempre" existe? O que vem depois das letrinhas que anunciam o final do filme? Como deve ser o dia a dia desses felizes para sempre? Serão tão felizes assim? Os contos de fadas, camuflam e disfarçam todos os obstáculos que temos que enfrentar, todos os desafios que nos são lançados todos os dias. Li uma matéria na revista Marie Claire, edição de maio deste ano, com esse questionamento, e fotos da canadense Dina Goldstein em matéria da jornalista Ludmila Vilar. Achei interessante, visto que as fotografias foram críticas a problemas da vida moderna (vícios, doenças, indiferença e por aí vai...), presentes no dia a dia de muitas pessoas...e quem diria? Até as princesas tem esses desafios depois do fantasioso e fictício "Happy End". É por isso que eu sempre gostei da Alice. Fica sem príncipe, mas feliz no seu mundo das maravilhas...
Princesas somos nós, mulheres que fazemos duas vezes o que os homens fazem, na metade do tempo e sem mérito algum, porque esperam isso de nós. Felizmente isso não é difícil...


Rapunzel – No mundo moderno, ele tem de se virar sem príncipe e sem cabelo, resultado da quimioterapia para combater um câncer de mama.
Jasmine Após a morte de Aladim numa queda do tapete mágico. Desiludida da vida, Jasmine filia-se ao grupo terrorista Al-Qaeda, onde com a alcunha de Bin-Laden, Jasmine será a próxima mulher bomba

Cinderela – Para essa moça comum virar rainha, teve apenas que calçar um sapatinho de cristal, que parecia ter sido feito sob medida para ela. Aguentar a rotina do castelo, no entanto, mostrou-se bem mais difícil do que se tornar nobre. Para espantá-la, só restou a bebida para a doce Cinderela ...

Chapeuzinho Vermelho – No conto ela se dá mal por desobedecer a mãe. Ao atravessar a floresta, Chapeuzinho pega o caminho mais curto – e perigoso – e ainda conversa com estranhos (no caso, o lobo mau). Na série de Dina Goldstein, o inimigo é a própria Chapeuzinho. Com uma cesta carregada de fast foods, sua maior batalha é contra a obesidade.


Branca de Neve – No conto de fadas ela desperta do sono da maçã envenenada direto para os braços do príncipe, com quem vive feliz para sempre. Nas lentes de Dina, a realidade é dura: ausente e entediado, o príncipe deixa todas as tarefas da casa para a princesa.


A Bela Adormecida – Enfeitiçada para dormir por cem anos, a princesa só poderá ser salva se receber o beijo do um príncipe. O problema é que ele nunca chega. Alheia a tudo que se passou, a Bela Adormecida está em sono profundo até hoje num asilo, com a cara congelada no tempo.


Bela – Cansada da feiúra de seu marido, Fera, Bela vira uma escrava da beleza a todo custo. Divorcia-se e casa-se com um cirurgião plástico, não consegue conviver com o inevitável envelhecimento e aos 50 anos vence o recorde mundial de aplicação de botox e cirurgias plásticas



A Pequena Sereia – Ela deixou o fundo do mar para conquistar o amor de um príncipe. Na versão Disney teve um final feliz. No conto original, ela morre. Em Fallen Princesses, a Sereia foi parar dentro de um aquário gigante, onde vive para entreter crianças e adultos.

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quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Fazendo as pazes com o universo

Às vezes é preciso cair da cama no meio da noite, quando se está no meio de um pesadelo e a queda te salva do medo, pra que você se dê conta que em certos momentos, cair pode nos salvar de uma dor maior. É da natureza do ser humano estar sempre insatisfeito e a vida tem meios de mostrar nossos tesouros escondidos. Pra ela, aconteceu no sexto dia. Ela andava há tempos brigada com o universo. Não queria saber de conversa e preferia noites de chuva copiosa como lágrimas que lavam a alma – Não conseguia encarar o olhar da lua cheia de frente e sempre que era noite, fugia. Preferia nem saber se havia algo no céu que brilhava, e cujo brilho lhe trouxesse lembranças que ela queria esquecer, mas não podia, sua memória não conseguia esquecer mesmo quando apresentava falhas. E assim, ela vivia escondida entre os arbustos de noites escuras sem luar, perdidas sem sonhos, solitárias e frias...
Não fazia idéia de quantos tesouros tinha guardado, e a lua era um deles. Porque na verdade, ela sempre a fez sonhar e sorrir. Mas isso parece ter se apagado, porque haviam muitas mágoas. Que deveriam parecer pequenas diante dos sorrisos, mas eram mágoas. Latejavam como que pra se tornarem inesquecíveis. E assim, o luto da noite seguia acompanhando a moça dos sonhos esquecidos.
Num dia não tão feliz assim, ela resolveu fazer as pazes com o universo e contemplar a lua. Era tudo que lhe restava e isso soa como deprimente. Quis se agarrar à sua velha companheira de noites e confissões, porque não tinha mais nada a que se agarrar. Não importava – pensava ela – o mais importante é que havia algo dentro dela que a motivava a sonhar de novo. Em plenos caos, no meio dos pesadelos e medos, ela queria sonhar de novo, algo mais real, colorido e brilhante, porque a melhor hora de sonhar é na parte mais escura da noite, onde ela parece mais assustadora. Só assim, os medos se vão, as portas de novas chances se abrem, e caso os pesadelos permaneçam perseguindo os medos mais secretos, a companhia de algo que te traz esperança, te dá as mãos pra que não se perca na escuridão infinita. E a lua lhe sorriu, e disse que lhe faria companhia. Fosse olhando pra baixo, vendo ela voar na terra...fosse recebendo ela, a explorar o céu...

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Ta na hora

Sonhos interrompidos

Ninguém espera. Ninguém quer a história já começada, o intervalo que interrompe o olhar. E o fim. Ele é doloroso e muitas vezes, inevitável. Mas sempre chegará a hora de enfrentar esse tipo de transformação. Eu não queria, eu que sempre fugi de tudo que é novo, não pude escapar quando esse momento chegou pra mim.
Era início de temporada e eu não podia enxergar seu olhar. Era época de calor, romances, beijos roubados sob a chuva, declarações sob o luar. E tudo que restava eram arestas jamais aparadas. Como começar do zero quando você sente que os números te contradizem? Não dá pra zerar os ponteiros da mágoa quando se está abaixo do ponto de partida. Menos um. Menos amor, sonhos subtraídos de desejos que dão como resultado ilusões múltiplas e esperanças diminutas.
Era isso que ela queria dizer quando pensava na frase que a impressionou, no filme de chorar que a fez lembrar do passado, onde era feliz apenas com hipóteses baseadas em falsas juras de amor. E ela sempre quis viver as histórias que lia e via, por isso adorava criar, para entrar no mundo de fantasia onde estrelas podiam ser reais e beijos eram algo além da última cena que antecede as letras subindo ao infinito. Beijos deveriam ser o começo de tudo, não o final, ela pensava. Mas se perdia e se confundia em seus pensamentos de menina sonhadora, cansada de fugir de dragões e bruxas.
Ela se sentia pela metade, talvez vazia. A garota de desejos estranhos e asa partida. Ela não queria muito. Não tinha sonhos extravagantes e não almejava amores perfeitos. Ela só queria um coração que batesse em vez de empedrar. Ela só queria um curativo pra alma. Um pouco de açúcar, talvez. Matar a sede, nutrir os sonhos. E asas inteiras. Pra partir sem rumo, mas sabendo onde iria chegar. Ah, ela nunca vai parar de sonhar...

O fim do jardim...

9. A chuva molha as flores

Quando sinto minha alma chorar dores que eu não sei explicar, parece que o jardim entra em sintonia com os meus sentimentos e pede pra chorar também. Me encontro perdida na rua, andando na chuva, encharcando meus sonhos e encolhendo meus medos, desfazendo-os sem saber como, sem saber porque. E vejo as gotas de chuva chorarem sobre as rosas. E elas parecem querer murchar diante de tanta melancolia...e ao mesmo tempo manterem-se firmes, nos mostrando que há beleza, mesmo entre a dor...e o jardineiro observa tudo, parado, pálido, se deixando encharcar também. Porque para entender as flores, é preciso que você sinta exatamente o que elas estão sentindo. É esse o segredo do jardineiro. É por isso, que ele sempre entendeu suas rosas. É isso que sempre fez com que elas fossem diferentes, brilhantes. O jardineiro se torna uma delas pra saber o que elas precisam pra serem belas e ao mesmo tempo, fortes, apesar da aparência delicada, que dá a falsa impressão de que sucumbirão a qualquer momento. O segredo da força está em parecer fraco, pois quando você parece fraco, os espinhos não vão se armar pra lutar contra você, porque não representa a eles, uma ameaça. E assim, facilmente as rosas conseguiam se livrar dos espinhos, porque eles achavam que elas não seriam capazes de lutar contra eles. Engraçado, é que a chuva sempre chorou sobre as rosas, suas dores, seus lamentos e suas gotas amargas de tristeza...e isso só fez com que elas se tornassem mais belas e mais essenciais para o sorriso do jardineiro.




10. Vejo flores em você

Toda história, bela ou triste tem seu final. E uma história que fala sobre flores, sonhos e memórias, tem uma urgente necessidade de um final feliz. Não poderia ser diferente e eu não posso decepcionar o jardineiro. Ele que sempre foi fiel às suas rosas, ficaria totalmente decepcionado em vê-las de pétalas partidas com perspectivas pouco sorridentes. E o que aconteceu com as rosas? Elas continuaram exalando seu perfume..encantando olhares, presenteando amores, construindo sonhos e lembranças de bons momentos...
O jardineiro? Sempre estará cultivando seu jardim, jogando as sementes em terra fértil, podando tudo de ruim que as rodeia...às vezes se ferindo nos espinhos, mas isso não o impede de continuar persistindo em fazer o jardim ficar cada vez mais belo. Ele parece cultivar o jardim como deveríamos cultivar nosso coração...perfumando-o e enchendo de cor...usando bons sentimentos e não temendo os espinhos que podem nos ferir...ele consegue atrair as borboletas até lá...até as estrelas ali brilham...ah, ele é sábio, e sabe que pra uma primavera encantada, às vezes precisamos passar pela frieza de um inverno implacável sem medo de perder as folhas...ou as nossas asas...asas partidas, sonhos perdidos...mas o importante é sorriso no rosto de novo, perder o fôlego, sentir torpor, as pernas bambas...e o olhar...com endereço certo. O jardim valeu a pena, ele trouxe memórias, e ele me ensinou a amar...como o jardineiro sempre amou suas flores...e eu, mera observadora? Eu vejo flores em você...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Mais histórias sobre o jardineiro da esquina...

7. Primavera partida

Em tempos de beleza rara, queremos capturar toda a beleza do mundo pra guardar em nós. É a sensação que se tem ao nos darmos conta que vivemos em meio ao caos intermitente, onde os sorrisos esqueceram como estampar rostos, onde os sonhos ficam guardados no congelador, esperando ansiosos pelo momento de saírem da prateleira e alcançarem as estrelas. Em meio à um mundo preto-e-branco com sentimentos pela metade, como as flores vão lembrar de exalar seu perfume e colorir nossos olhos?
Era primavera, mas não aparentava. A neblina tornava as pessoas pouco visíveis umas para as outras, talvez porque criem mais abismos do que pontes. E as rosas choravam a primavera amaldiçoada pela tristeza pesada que o ar carregava. E o jardineiro continuava com a dedicação de sempre, pois é inconcebível um mundo sem rosas. As pessoas precisam delas, pra admirar, sentir o perfume, fazer juras de amor, acreditar que a beleza não morreu. Que tudo pode ter encanto, que tudo é possível, e que sempre há a chance do nosso futuro recomeçar e nosso coração florir novamente. Especialmente na primavera. E na primavera, as rosas são óbvias...


8. Flores em dezembro

Talvez mais guerreiras que as rosas que dão no inverno e tem que resistir à melancolia fria de uma época pouco colorida aos nossos olhos, são as flores de dezembro. Porque não é fácil ser bela e exalar perfume quando algo parece queimar a sua essência. Falando de flores de dezembro, me recordo e comparo aos amores de verão. Eles são brilhantes, doces, excitantes e inesquecíveis. As flores também, pois não é fácil se manter com pétalas intactas em meio ao calor das emoções. Corações que vivem romances de verão, jamais permanecem intactos. Eles sempre carregam o perfume de uma estrela cadente que brilhou por segundos e cujo brilho se perpetuará em suas lembranças. Acho que é pensando nisso que o jardineiro continua a cuidar das flores em dezembro. Lutando contra a correnteza e tendo o canto dos pássaros como trilha sonora. Os pássaros só cantam em dezembro. Acho que é isso que o motiva e inspira. Na verdade, que o impulsiona. Amores pedem trilha sonora. As flores também. E o jardineiro sorri por trazer sorrisos coloridos e lembranças perfumadas aos eternos sonhadores. E ao presenciar isso, os pássaros, entusiasmados, encantam o cenário da esquina. O sol parece brilhar ainda mais, as estrelas brilham no chão. Em dezembro, janeiro, fevereiro...e em todos os tempos, nos corações daqueles que buscam dias coloridos, romances em jardins, canções de sonhar.
E pra não dizer que não falei das flores...elas são o elo dos apaixonados...

domingo, 6 de janeiro de 2008

Matando a saudade em sonho...


O Blog é MEU, e sou EU quem escreve aqui, mas hoje, ao prestar um concurso e ler esse texto na prova de português, abri uma exceção pra Martha Medeiros...aliás, tiro meu chapéu...deliciem-se...e vejam como é verdade...


"A saudade não tem nada de trivial. Interfere em nossa vida de um modo às vezes sereno, às vezes não. É um sentimento bem-vindo, pois confirma o valor de quem é ou foi importante para nós, e é ao mesmo tempo um sentimento incômodo, porque acusa a ausência, e os ausentes sempre nos doem.

Por sorte, é relativamente fácil exterminar a saudade de quase tudo e de quase todos, simplesmente pegando o telefone e ouvindo a voz de quem nos faz falta, ou indo ao encontro dessa pessoa. Ou daquele lugar que ficou na memória: uma cidade, uma antiga casa. Podemos eliminar muitas saudades, enquanto outras vão surgindo. A saudade do gosto de uma comida, de um cheiro do passado, de um abraço. Há muitas saudades possíveis de se conviver e possíveis de matar. A única saudade que não se mata é a de quem morreu.

Matar, morrer. Que verbos macabros para se falar de nostalgia. Já ouvi vários relatos sobre a saudade que se sente de um pai, de um avô, de um filho, de uma amiga, dos afetos que nos deixaram cedo demais - sempre é cedo para partir, não importa a idade de quem se foi. Ficam as cenas guardadas na lembrança, mas elas se esvanecem, recordações são sempre abstratas. De concreto, palpável, tem-se as fotos e as imagens de gravações caseiras, mas de tanto vê-las, já não vemos. Já a sabemos de cor. Não há o rosto com uma expressão nova, a surpresa de um gesto inusitado. Como, então, vencer a saudade com algo que seja mais parecido com presença?

Através do sonho. Uma mãe que perdeu seu filho quatro anos atrás me conta que todos em casa sonham com ele, menos ela. Para sua infelicidade, ela não tem controle sobre isso, simplesmente não recebe essa bênção, e queria tanto. E eu a entendo, porque através do sonho a pessoa que se foi nos faz uma visita. Pode até ser uma visita aflitiva, mas a pessoa está de novo ali, ela está interagindo, ela está sorrindo, ou está calada, ou está dançando, ou escapando de nossas mãos, mas ela está acontecendo em tempo real, que é o período em que estamos dormindo, e que faz parte da vida, e não da morte.

De vez em quando sonho com minha avó e sempre acordo animada por ela ter encontrado esse meio de me dar um alô, de me fazer recordá-la. Observo seu jeito, ouço sua voz e penso: quem roteirizou esse sonho? De onde vieram suas palavras para mim? A resposta lógica: meu inconsciente falou através dela, só que isso tira todo o encanto da cena. Prefiro acreditar que ela é que esteve no comando da sua aparição, me dizendo o que tinha para dizer, nem que fosse uma frasezinha à toa.

Um colega de trabalho falecido há 20 anos num acidente de carro também já me apareceu em sonhos algumas vezes, e quando isso acontece acordo com a sensação de que morte, mesmo, é esquecimento: enquanto eu abrir as portas do sonho para ele entrar, meu amigo seguirá existindo.

Nesse feriado de Finados, o que se pode desejar para os inúmeros saudosos de mães, de maridos, de netos? Que os sonhos abracem a todos."


Martha Medeiros, Jornal "O globo" de 04/11/2007.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Quem acredita em milagres, consegue alcançá-los...

Capítulo 3 - À espera de um milagre

"Num mundo real, milagres estão longe de existir e contos de fadas não passam de tolices...mas se você não sonha com algo, não pode desejar que se torne real. Por isso, continuo sonhando e acreditando naquilo que eu nunca vi. Não significa que não exista. Não significa que um dia não poderei ver, tocar, tornar mais real do que eu pensava. Aqueles que desistem de um sonho porque pensam que é impossível, devido as dificuldades, só não conseguem alimentar as esperanças de que tudo pode dar certo, e pra que dê, só é preciso que você queira, verdadeiramente. Os obstáculos se deitam, e vc passa por cima deles. Milagres existem sim. Se não, porque existiria tal palavra?São raros, são para os merecedores...não sei se eu mereço. Mas acredito. E esse, é o primeiro passo pra que ele possa transformar minha vida. Nuvens e tempestades passam. As estações do ano mudam. O vento sopra pras mais diversas direções e a lua muda de formato em sua inconstância. E eu continuo aqui esperando aquele que faz meu coração sorrir..."

Nina fecha o diário iluminado pela luz da terceira lua cheia de espera, imaginando o que aconteceu para que a canção calasse e o piano não a envolvesse nas notas mais harmoniosas e encantadoras que já tinha escutado...

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Uma história de amor improvável...

Continuando a repostagem..para preservar as memórias de um blog sentimental...

Carta para um amor que vem das estrelas...

Capítulo 1, Diário de Nina (Depois de ouvir o piano):
“É tolice, baboseira, e blábláblá...mas se algum dia eu pudesse entregar uma carta ao ‘amor da minha vida’, antes de conhecê-lo..conteriam palavras mais ou menos assim: Preste atenção nessas palavras...chegue devagar e me mostre quem você é de verdade. Tudo o que eu mais quero, é te conhecer por inteiro. Seus gostos, seus medos, seus sonhos, suas manias, as pessoas que lhe são importantes, seus ideais, suas crenças...sua forma de ver o mundo...não precisa ter medo. Afinal, também gostaria que você conhecesse tudo que faz parte de mim...e que eu não precisasse ter medo de mostrar isso a você. Acima de tudo, devemos ser cúmplices. E melhores amigos, confidentes. E a primeira pessoa em quem você deve pensar quando está triste ou feliz, deve ser em mim...assim como você será a primeira pessoa em quem eu pensarei em todos os momentos importantes da minha vida. Não tenha medo das nossas diferenças e dos pontos de vista opostos...será delicioso conhecer novos horizontes com você e partilhar nossos mundos. Preciso que me olhe nos olhos...e que eu não precise pedir um abraço...e que as suas mãos se encaixem perfeitamente nas minhas. Quero ver fogos de artifício sempre que estiver ao seu lado. E que me proteja dos pesadelos. Não preciso de um castelo, um trono e um reino encantado. Só que me escute, entenda meu coração e saiba me dizer da forma mais suave as coisas que eu preciso ouvir,mas não quero. Mas não deixe de dizer. Sempre use a verdade, por mais dolorosa que seja. E assim, eu tentarei te entender e perdoar, se você fizer algo que me magoe. Não quero competir com você em momento algum. Nós somos da mesma equipe, e juntos, temos muitas vitórias pela frente. Nunca vá embora sem se despedir, como se fosse a última vez que estamos nos vendo. Caso seja, lembraremos da despedida mais perfeita. Lembre-se disso nos momentos de crise. É quando eu mais precisarei da despedida perfeita. Não precisa ter as mesmas crenças que eu, só respeitar meu ponto de vista e não menosprezar o que é importante pra mim. Não precisa ter os mesmos sonhos que eu, mas não ache bobo e sem importância, tudo aquilo que me mantém viva. Lembre-se, eu posso viver minha vida sem você, mas eu não quero. Por isso, te escolhi para estar ao meu lado. Seremos amigos, companheiros, eternos namorados. E quero poder estar ao seu lado, quando não lembrar mais meu nome, e minha música favorita. Quero que nossa história seja um exemplo para os outros, de que um amor verdadeiro pode existir e supera qualquer dificuldade. Não deixe que nossos sentimentos se abalem na menor dificuldade! Se em algum momento, não sentir mais o amor que sinto por você, não me engane com medo de me magoar. Magoará mais, se estiver ao meu lado por compaixão. Compreenda que eu tenho defeitos, como tentarei te compreender. Tenha paciência e me ensine a te amar do jeito que você sempre sonhou. Pode ser que eu necessite aprender. Me abrace quando eu estiver com vontade de chorar. Me beije, quando eu estiver explodindo de felicidade. Devo parte das minhas vitórias, a você, que está ao meu lado. E preciso de você quando me faltar o chão e não conseguir respirar. Me faça surpresas em dias comuns e faça coisas comuns em dias especiais...é mais importante estar ao seu lado vendo as estrelas do que em qualquer evento badalado. Me dê colo, sem eu precisar pedir...me dê a mão, quando estiver com dor. Me deixe sentir o seu cheiro quando nos reencontrarmos. Me faça rir do nada, mesmo em lugares onde tenho que me manter séria. Me deixe cuidar de você. E me faça acreditar que tudo isso, seja nossa realidade...porque nós somos do tamanho dos nossos sentimentos...e nós somos as asas que dão as mãos, para juntas voarem...Terão pedras no caminho, obstáculos, crises...mas nunca esqueça que nada disso é maior do que o amor que eu sinto por você...estou bem aqui...entre as estrelas...esperando você me encontrar...”

Sonhos são tolices ou propósitos???

Capítulo 1,Nina e seus pensamentos...:
"Passou-se uma semana, e novamente, com o chegar da noite, ouvi a música misteriosa. Parecia ensaiar algum clássico que eu não me recordava bem qual era. Clássico nos dois sentidos. De ser música clássica, e ser um clássico, conhecido. Um “clássico clássico”...nossa... Uma voz fala alto em minha mente, enquanto estou deitada no quarto, olhando o céu cinza e sem estrelas, pela janela... “Nina, não seja tola! Sonhos são pra sonhar enquanto dorme. Quanto mais alto colocar seus sonhos, maior a queda, quando acordar. Cair das estrelas pode doer um bocado. Pés no chão, menina! Contos de fadas não existem...pare de procurar o príncipe encantado, eles só existem em reinos mágicos onde as princesas ficam presas em torres esperando um herói pra quebrar o feitiço...” E com isso, parecia realmente que tinha alguém ali, brigando comigo e minha incrível capacidade de sonhar acordada. O mundo condena os sonhadores e debocha deles, duvidando que tornem-se reais nossas fantasias de um amor perfeito como dos filmes e nosso sonho de um mundo onde as coisas podem dar absurdamente certo. Querer voar com os pés no chão é impossível e contraditório. Ou você voa, tem liberdade pra ir até as estrelas confidenciar seus segredos...ou, finca os pés no chão, com medo de cair de si mesmo, e se machucar. A vida é feita de escolhas, e estas não são fáceis. Sem contar, que na maioria das vezes, acabamos escolhendo o caminho errado. Mas todos estamos sujeitos ao erro. Isso não nos impede de tentar recomeçar de uma forma diferente, fazendo dar certo. Nossos sonhos merecem uma segunda chance. Nossas ilusões, merecem uma oportunidade de se tornar palpáveis. Sonhos são feitos para serem sonhados, idealizados, construídos e vividos. Ficar só no papel diminui o real valor deles e a capacidade que tem de transformar nossas vidas. Parei um pouco com meus milhares de confusos pensamentos...o que acontece comigo sempre que ouço a música que esse piano emana? Algo toca minha alma e me faz pensar em coisas que eu nem sabia que existiam...coisas que eu nem sabia que poderiam ser reais...pelo menos em minha vida...sentir o encanto da melodia...e depois ter que aceitar que ela acabou, dói como perder alguém que nunca se teve...mas com quem sempre se sonhou...de qualquer forma...tento não me entristecer com o fim da melodia, afinal o vento sopra pra todas as direções...nunca se sabe o que ele trará quando soprar pra cá... "

Tudo pode acontecer, é só saber o que pedir...

Capítulo 2 – Na noite do eclipse Senti falta da música invadindo minha alma...nem minha casa ela atingiu....foi uma semana inteira esperando ela ser tocada de novo, pela pessoa que eu via no segundo andar da casa, de costas, tocando...aquele piano mexia comigo de uma forma que eu não conseguia entender...e parece que era tocado sempre no mesmo horário...então esperava ansiosa, por aquela música que eu parecia conhecer há milênios... Quem entenderia o meu amor por alguém que eu nunca vi e que me encantou pela suave melodia que emana de dentro de si? Acho que ninguém... Descobri que era um jovem solitário que ficava o dia inteiro em casa, compondo e tocando, e que dificilmente saía...não entendi bem porque, mas deve ter alguma razão...na casa que parecia abandonada, moravam apenas ele e uma senhora, que penso ser a mãe dele... Depois que descobri isso, parecia a peça que faltava pro quebra-cabeça, a chave pra enfim, descobrir o dono das canções que me faziam sonhar com algo que nunca vi...passando pela casa “abandonada”, ouvi um barulho que vinha de lá, e ao olhar, me deparei com um rapaz alto na sacada, entretido, sentado numa cadeira, escrevendo...e por um segundo, ele parou, e pude encontrar os olhos dele... Mas não sei se isso acontecerá de novo, foi a única vez que o vi, e há anos moramos na mesma rua... Aquela noite, a canção que emanava parecia ainda mais bela e envolvente, e mesmo tendo demorado a semana inteira pra voltar a ouvi-la, parecia que ela estava sendo preparada todo esse tempo, pra ter aquele impacto que teve sobre o meu turbilhão de pensamentos...olhei pro céu. A lua estava cheia, brilhante e amarelada...seria noite de eclipse...parei, comecei a olhar pro céu e pensar nas grandes perguntas sem resposta do universo...a noite foi passando, a melodia ainda permanecia em mim...e também no ar...trazida com o vento, e com o perfume das flores de primavera que estava chegando... Tanto tempo olhando pro céu, que vi a lua dar a volta de uma ponta a outra da minha janela...ainda pensando... “Enquanto isso, o mundo gira, a vida acontece e a lua muda de lugar...” Fiquei esperando o eclipse chegar no seu auge...dizem que quando o sol e a lua se encontram, ou se escondem um do outro, tudo pode acontecer...é só você desejar... Peguei meu diário, e comecei escrever, acompanhada pela luz da lua que logo se apagaria... Diário de Nina: “Quando o amor chega de verdade, você sente e sabe que é ele. Quando os defeitos se tornam pequenos e você imagina sua vida ao lado daquela pessoa e não se imagina mais sem ela, é porque o amor verdadeiramente chegou. Tenho até medo de estar equivocada, não suportaria que não fosse ele. Porque simplesmente as coisas aconteceram de uma forma que não consigo ver como pode estar errado. Faz poucos dias que o conheci, e comecei a amar ele desde o primeiro dia de uma forma inédita e inexplicável. Como o vento, que você não vê, mas sente. Como a lua cheia, que mesmo parecendo só entre uma infinitude de estrelas, brilha sonhando encontrar o sol no eclipse, porque juntos, formam o espetáculo mais magnífico do universo... Me imaginar sem ele, é como Romeu sem Julieta, noite sem lua, primavera sem a brisa fresca do vento a tocar o rosto...como melodia sem notas, música sem letra...é um vazio sem explicação. Estar com ele é uma completude que deixa o coração tranqüilo e em paz e eu não temo nada. E acredito que vai dar certo. Tenho paciência para esperar o tempo necessário, porque sei que esse amor vale a pena. Amor que merece renúncias, apesar de só ter renunciado à minha solidão sem fim. Me enche de esperança que o príncipe existe, e que sou a princesa que ele veio salvar...não vejo porque dar errado, porque desde o início, pareceu tão certo. Amor que não se pede, se ganha, até mais que se sonhava. Presente de Deus, e isso é sagrado. E deve ser guardado com zelo e respeito, para ser merecedora de desfrutar desse presente tão lindo que não sei se mereço. Mas não é questão de merecimento, e sim de afinidade. E nós, somos afins. E isso basta e explica tudo. Te amo desde o início da existência, porque sempre soube que te reconheceria quando nos reencontrássemos...estou te esperando...” E quando parei de escrever e olhei pro céu...a lua não estava mais lá...o encontro tinha começado. O eclipse tomava o céu como cenário, pro espetáculo mais lindo...e a música parecia mais intensa...sabia que ele também olhava pro mesmo lugar que eu, naquele momento...

Afinal, o que é real???

Real é tudo aquilo que se acredita ser possível...

A verdade, é que as coisas acontecem assim: acreditamos naquilo que queremos acreditar...temos as nossas próprias verdades e nossos sonhos...e o conceito do que é real e verdadeiro, varia de acordo com nosso ponto de vista, sempre tentando abranger aquilo que almejamos alcançar... Não importa que as coisas estejam na sua cara, diante dos seus olhos...você é capaz de negar, se não quiser encarar os fatos como verídicos...se quiser continuar acreditando que as coisas podem ser como você deseja...como nos seus sonhos... Mas todas as coisas que ocorrem no universo, tem uma razão, um sentido, uma finalidade. Desconheço o propósito de certos acontecimentos,mas não cabe a mim tentar entender, somente aceitar e tentar compreender que tudo acontece por uma causa maior, causa esta que tem como objetivo, o perfeito encaixe das coisas no final...tudo acontece exatamente como deveria, no ritmo adequado, pra que no final da melodia, tudo fique na mais perfeita harmonia...e a canção, seja bela para todos...é a melhor forma de encarar as coisas, pois uma visão negativa não ajudaria a solucionar os problemas e nem faria dar certo o que está dando errado agora...não adianta questionar as razões, discutir a finalidade das coisas e ir no sentido contrário. Se tudo isso tivesse efeito, poderíamos todos agir para mudar o curso das coisas que só o universo determina...importante ter discernimento pra saber o que pode ou não mudar..e coragem pra mudar o que é possível ser transformado para a nossa felicidade. A beleza não consiste em ver coisas belas....mas sim, em tornar belo aos seus olhos, tudo aquilo que vê...